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Nota Pública: O oportunismo hipócrita da extrema direita e seu necessário enfrentamento pelo movimento sindical’

Nota Pública do Comando Geral de Greve do Colégio Pedro II, referendada na assembleia geral da categoria, sobre ações da extrema direita em relação à greve nacional da Educação Pública Federal: “fascistas não nos enganam”

Sabemos que, historicamente, os setores da extrema direita – ultraliberais, fundamentalistas religiosos, olavistas e militares – são inimigos declarados da educação pública. 

Nos últimos anos, especialmente no período do governo bolsonarista, essas forças ampliaram tal ofensiva contra nós através de políticas de privatização da educação pública (como, por exemplo, o atual e assombroso projeto de privatização das escolas no estado do Paraná, ou nas parcerias público privadas, sistemas de vouchers, dentre outros); da perseguição de educadoras/es através da ideologia “escola sem partido”; do discurso de ódio e das ameaças contra servidoras/es públicas/os, especialmente da área da educação (no CPII, por exemplo, vivenciamos arduamente, no período da greve, essa estratégia que tem o efeito de nos desumanizar diante do conjunto da sociedade); do arrocho salarial (importante lembrar que, apesar dos pesares, fato é: os 9% de reajuste que recebemos em 2023 eram um projeto de lei que fora engavetado pelo Bolsonaro e que o governo atual desengavetou e aprovou); da diminuição de verbas pra educação pública; da defesa da educação domiciliar; da política de militarização das escolas; dentre outras estratégias. 

Desse histórico, surge a nossa indignação diante dos fatos observados nas últimas semanas: se a extrema direita é inimiga número 1 da educação pública, por que temos observado a sua busca pela aproximação ao debate sobre a greve da educação federal com um discurso supostamente elogioso e aliado ao movimento paredista? 

Por que vimos circular nas redes sociais, na última semana, que o deputado federal bolsonarista, presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, protocolou requerimento para debater a greve e com o discurso de que quer “cooperar para que as demandas necessárias sejam atendidas” diante da “falta de diálogo” do governo? 

Ora, sabemos que os representantes dos interesses da extrema direita não estão do lado do(a)s trabalhadore(a)s da educação! Eles são oportunistas e hipócritas! Estão, na verdade, a partir de seus próprios interesses, criticando a demora das negociações da pauta de reivindicações da greve para “matar dois coelhos com uma cajadada”. Querem desgastar ainda mais o governo para crescerem politicamente em suas rachaduras e, ao mesmo tempo, disputar a base do movimento sindical, buscando usurpar os ganhos e o capital político da luta dos movimentos (ou seja, tentando empurrar parte da base do movimento sindical para o abismo da extrema direita).  

Mas, afinal, como o governo Lula/Alckimin tem contribuído com sua postura para alimentar essa nova estratégia da ofensiva da extrema direita? Durante toda a greve da educação federal, iniciada em março (no Sinasefe, em 3 de abril), temos lidado com uma postura lamentável do governo que acabou contribuindo para o prolongamento do movimento paredista. 

E quais ações do governo caracterizam essa postura intransigente?  

1) O governo, a todo momento, utiliza táticas para dividir docentes e técnicos através do teor das propostas e da marcação de datas distintas para as mesas de negociações. Por exemplo: apresentou o mesmo índice de reajuste salarial aos dois segmentos que possuem grandes diferenças salariais e, por consequência, perdas salariais consideravelmente distintas, buscando dividir a categoria, pois o impacto da proposta é distinto para cada segmento;

2) O governo buscou a tática de esgotar e desgastar a categoria através da demora de um mês para marcar a primeira mesa de negociação e de semanas para as seguintes, ao invés de dar celeridade ao processo negocial;

3) O governo desconsiderou grande parte dos acordos que tinham sido firmados entre Fasubra/Sinasefe e o próprio governo no ano passado sobre a reestruturação do PCCTAE ao longo dos encontros do GT criado com representações das duas entidades e do próprio governo. Quando as mesas de negociação iniciaram, no período da greve, o governo simplesmente negou quase tudo que já era consenso entre ambas as partes; 

4) O governo utilizou a tática do ultimato (método antissindical e autoritário) para acabar unilateralmente com as negociações; 

5) O governo (assim como fez na greve de 2011) assinou às escondidas um acordo de greve com o Proifes, sindicato que não tem carta sindical e não possui representatividade e legitimidade no conjunto da categoria para o segmento dos docentes.

Com essa postura de intransigência, portanto, o governo preparou um terreno fértil para extrema direita oportunista promover ataques ao governo, visivelmente já de olho nos próximos processos eleitorais. Diante disso, nos perguntamos: qual o papel do movimento sindical nesta conjuntura? 

Refletimos e respondemos coletivamente: ter clareza de que as últimas ações da extrema direita não se caracterizam como ações de aliados nossos e enfrentar as ações oportunistas e hipócritas desses setores que jamais levantaram bandeiras em defesa da educação pública (ao contrário, produzem seu mais profundo desmonte), mas que agora fingem ser aquilo que não são, justamente para se autopromoverem perante a população e desgastar ainda mais o governo e o próprio movimento sindical. 

FASCISTAS NÃO NOS ENGANAM! FASCISTAS NÃO PASSARÃO!

Rio de Janeiro, 7 de junho de 2023
Comando Geral de Greve do Colégio Pedro II – Sindscope
(Nota referendada na assembleia geral de greve do Sindscope realizada no dia 7 de junho de 2024, no auditório do campus Tijuca II)

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