Íntegra da nota do Comando Geral de Greve, que defende a atuação e o respeito aos fóruns coletivos da categoria e à unidade de servidores e servidoras, docentes e técnicos e técnicas (TAEs).
O Comando Geral de Greve vem, por meio desta nota, lamentar e tecer algumas considerações acerca da decisão de um pequeno grupo de professoras e professores do campus Tijuca I.
Primeiro cabe esclarecer que as assembleias têm transcorrido com tranquilidade e respeito a todas as avaliações e propostas. Eventualmente, alguma manifestação sobre uma ou outra avaliação ao microfone recebe críticas da plenária que imediatamente é repreendida pela mesa que conduz a assembleia.
Dito isso, alguns pontos sobre a atitude voluntarista das e dos colegas merecem destaque. O primeiro é a alegação de que a decisão visa atender às crianças. Discordamos basicamente por conta dos aspectos abaixo:
1) a concepção de escola e educação que prevê apenas o/a professor/a de um departamento, abrindo mão de outras áreas, bem como do corpo de trabalhadores técnicos-administrativos, para nós é pobre e não condiz com a escola pública gratuita e de qualidade, para todas e todos, que defendemos;
2) o risco à segurança das crianças que, acompanhadas apenas por uma professor/a, ficam vulneráveis pela própria dinâmica da rotina escolar, que envolve momentos como recreio, entrada e saída. Além disso, caso uma dessas crianças passe mal e precise de um atendimento individualizado, não há profissionais aptos, em virtude do contexto da greve, para atendê-las;
3) exclusão das crianças que, por conta da ausência de Riocard, ficarão impossibilitadas de frequentar a escola nesse período.
Cabe destacar, também, o fato de esta ação (equivocada) fragilizar o legítimo e necessário movimento paredista dos companheiros/as TAEs que, como todos sabem, seguem lutando por dignidade na carreira. Tal como a condução do governo que tentou nos dividir (docentes e TAEs), este grupo abre mão de seguir na luta com os companheiros/as TAEs.
Ao assumir turmas sem a presença dos TAEs, as/os docentes colocam suas digitais na precarização do trabalho desta categoria, mas sobretudo corroboram para o processo em curso de extinção e privatização, por terceirização, das funções técnico-administrativas.
Por fim, cedem às pressões de setores reacionários do Colégio que já defenderam o corte de salário dos grevistas e que acreditam que o Colégio Pedro II é uma instituição com princípios privados, em que o estudante e a família são clientes e devem ter seus pedidos atendidos à revelia das decisões coletivas da categoria.
Cabe ainda dizer que o calendário acadêmico segue suspenso e que, portanto, ações como esta não contarão como dias letivos. A nosso ver, isso mostra a importância de termos suspendido o calendário, pois, se ele estivesse em vigor, certamente se abriria a possibilidade para estas/estes docentes se negarem a repor parte de suas aulas no cenário pós-greve, acarretando, no geral, uma reposição desigual e prejudicial aos estudantes.
O Colégio Pedro II seguirá público, gratuito, laico e de qualidade para TODAS e TODOS. Contudo, essas características não serão garantidas sem luta, hoje representada pela necessária greve nacional da educação federal.
Comando Geral de Greve no Colégio Pedro II – Sindscope