2° ENNIQ – Conferência de Abertura

A Conferência de Abertura do 2° ENNIQ, cujo tema foi “Enquanto houver racismo, não há democracia: a luta por direitos de Negres, Indígenas e Quilombolas no Brasil”, ocorreu nesta quarta-feira (22) no auditório lotado do Maceió Atlantic Suites, em Maceió-AL. Os cerca de 350 participantes desse segundo encontro de negros, indígenas e quilombolas do Sinasefe assisistiram a duas apresentações culturais e as palestras dos convidados da noite Camila Félix e Stânio Vieira,da direção nacional do SInasefe, e Elaine Lima, Ieda Leal, Leonardo Péricles, Nêgo Bispo e Thiniá Shakti.

A programação teve início com a homenagem à comissão organizadora do encontro – dentre esses, Eliete Barbosa e Roberto Adão, do GT de Negras e Negros do Sindscope. Eliete explicou que a construção desse processo exigiu muita atenção e coesão dos participantes, já que as reuniões ocorreram todas a distância: “As pessoas trabalharam em subcomissões e o objetivo maior era não perder o foco da importância da questão a ser tratada num momento em que há uma grande necessidade de definir uma linha de ação para o desenvolvimento de uma educação antirracista no conjunto das escolas federais.” Em seguida, foram apresentadas no auditório manifestações político-culturais indígenas e afro-brasileiras de povos do estado de Alagoas.

A primeira foi o Toré dos indígenas da etnia Xucuru-kariri, da aldeia Mata da Cafurna, de Palmeira dos Índios-AL. Toré, como explicam os historiadores Maria Aparecida Oliveira dos Santos e José Adelson Lopes Peixoto, é uma “dança ritualística, circular marcada por fortes pisadas com o pé direito acompanhadas pelo som dos maracás e é caracterizada como marca identitária dos povos indígenas.” Em apresentações públicas, como a que ocorreu durante a abertura do ENNIQ, a dança recebe uma conotação mais performática, folclórica e festiva. Na coreografia, como puderam observar os presentes, o círculo gira sempre para o lado direito para evocar as forças positivas sobre os seus participantes. Foi o que pareceu acontecer: o auditório lotado, completamente absorto pelo conhecimento ancestral e a energia de luta daquele povo.

Além de realizarem o ritual, os indígenas denunciaram as dificuldades que vivenciam e sua forma de resistência frente ao racismo e as estratégias genocidas a que estão expostas as comunidades tradicionais de pretos e originários no Brasil. Também salientaram que negros e indígenas travam cada grupo as suas lutas, mas seguem juntos em todas as batalhas.

A segunda foi a saudação afrorreferenciada do tradicional grupo de afoxé Ofa Omim, de Alagoas, que chamou o público para reverenciar a ancestralidade africana, saudar a caminhada dos presentes e apontar caminhos para a luta antirracista através de cânticos para os Orixás Exu, Ogun, Iansã, LogunEdé e Xangô.

Encerradas as saudações, por volta das 21 horas teve início a Conferência de Abertura.Os quatro palestrantes foram Nêgo Bispo (escritor formado no Quilombo Saco-Curtume, de São João do Piauí-PI), Thiniá Shakti (educadora, ativista e Coordenadora do Movimento Indígena), Ieda Leal (Coordenadora Nacional do Movimento Negro Unificado) e Leonardo Péricles (Presidente Nacional da Unidade Popular, integrante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas).

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