A Diretoria do Sindscope – Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II – repudia a tentativa em curso na Câmara dos Deputados de cassação do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), que decidiu iniciar greve de fome.
A maioria dos deputados e deputadas federais, observa, não podem compactuar com a decisão arbitrária e nitidamente revanchista da Comissão de Ética da Câmara, que na sessão do dia 9 de abril de 2025 aprovou, por 13 votos a 5, o parecer pela cassação. Glauber poderá recorrer à Comissão de Constituição e Justiça antes que a matéria esteja pronta para ir ao Plenário.
O parecer do deputado federal Paulo Magalhães (PSD-BA), relator do caso na Comissão de Ética, recebeu críticas por omitir fatos e apresentar justificativas pífias para defender a cassação de Glauber, cujo mandato é marcado pela defesa das pautas da classe trabalhadora e por direitos sociais.
Caso Marielle
O voto pela cassação ocorre no momento em que a Câmara mantém um suspeito de ser o mandante do assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco como deputado federal. O processo contra o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), preso desde março do ano passado, sob a acusação de mandar matar Marielle, acaba de completar um ano na Câmara sem que tenha uma resolução.
Em agosto de 2024, o Conselho de Ética aprovou por 15 votos a favor e um contrário, do deputado Gutemberg Reis (MDB-RJ), a recomendação da cassação do mandato de Brazão. A decisão precisa passar pelo Plenário para de fato ser efetivada – enquanto isso, mesmo preso, Chiquinho Brazão segue recebendo cerca de R$ 40 mil reais por mês como parlamentar.
Naquela votação no Conselho de Ética, houve ainda uma abstenção, justamente do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA). O parlamentar não viu razão para cassar quem é réu num processo referente ao bárbaro assassinato de Mariele Franco. Mas recomendou a cassação do deputado Glauber Braga por “agir contra o decoro” no caso em que empurrou e expulsou da Câmara um militante do grupo de extrema direita MBL que o ofendia.
Lira
Glauber vem afirmando que é alvo de uma perseguição por parte do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PL-AL). O parlamentar do PSOL teve uma atuação firme ao denunciar as chamadas emendas do ‘orçamento secreto’ de Lira, o que irritou e incomodou o então presidente da Câmara.
A principal frente de parlamentares que tenta cassá-lo é formada por defensores da anistia para os que tentaram dar o golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
Glauber também reiteradamente defendeu as pautas dos servidores públicos e combateu as tentativas do governo passado de aprovar a ‘reforma’ administrativa anti-serviços públicos – a PEC-32.
Para a diretoria do Sindscope, trata-se de um ataque inaceitável às liberdades democráticas e uma tentativa de calar setores que defendem que o orçamento público seja destinado não a emendas suspeitas ou ao pagamento de juros a banqueiros, mas às pautas sociais, aos interesses da população e aos serviços públicos.
IMPRENSA SINDSCOPE