Atividade no Buraco do Lume, no Centro do Rio, celebra a vida e a luta por uma sociedade sem preconceito e com justiça social
IMPRENSA SINDSCOPE
Nesta quarta-feira, 27 de julho de 2022, Marielle Franco completaria 43 anos de idade, se não tivesse sido assassinada a tiros por milicianos no Estácio, em março de 2018, bairro da Zona Norte do Rio – atentado que também matou o motorista Anderson Gomes e até hoje não foi elucidado pelas forças de segurança do Estado.
Para homenageá-la, foi inaugurada uma estátua no Centro do Rio ao final desta tarde. A atividade prossegue no Buraco do Lume, tradicional ponto de encontro político localizado na Praça Mário Lago, próximo ao Metrô Carioca.
A homenagem ganha excepcional simbolismo numa cidade onde o poder das milícias cresceu e tem entre aliados setores políticos hoje empoderados e com gritantes evidências de ligação com o presidente Jair Bolsonaro.
Quatro anos atrás, em um ato de campanha, às vésperas da eleição que elegeria o atual presidente, um candidato a deputado quebrou uma placa, no formato e modelo das de rua, com o nome da vereadora Marielle Franco. Ao lado do futuro parlamentar estava o também candidato ao governo do Estado que, eleito, depois perderia o cargo por envolvimento em denúncias de fraudes na saúde.
A instalação da estátua no Centro do Rio se contrapõe a estes e outros ataques da extrema direita, e busca honrar a memória da vereadora que dedicou a sua militância política a combater injustiças sociais e preconceitos.
É uma celebração à vida, diz Anielle Franco, irmã de Marielle e uma das articuladoras do instituto que leva o nome da vereadora carioca. “Hoje é dia de memória, dia de Marielle! Hoje, 27 de julho de 2022, Mari faria 43 anos de vida. Esse dia sempre foi um dia de celebração para Marielle. Que a prática política da celebração da vida e do encontro que Marielle nos ensinou possa fazer com que celebremos as nossas, ainda em vida, e celebremos a nossa memória”, disse Anielle, em postagem nas redes sociais.
Estátua
É com esse simbolismo político que a estátua de 1,75m, em tamanho real, esculpida por Edgar Duvivier, foi inaugurada. A imagem traz Marielle com o punho esquerdo cerrado e erguido no ar, símbolo de resistência e de luta, em cima de um caixote. Retrata as inúmeras vezes em que a vereadora do PSOL discursava nesta mesma praça para prestar contas de seu mandato.
Autor da obra, Duvivier é reconhecido nas artes plásticas e na música. É pai do, mais popular, humorista Gregório Duvivier, do Porta dos Fundos. A estátua é uma iniciativa, autorizada pela Prefeitura, do Instituto Marielle Franco.
A atividade teve aula pública – “A memória é semente para novos futuros” – e terá batalha de poesia: “Justiça por Marielle!”. Ocorre na semana em que também se comemora o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha – data que terá ato público no Rio no dia 31 de julho, pela manhã, no Posto 4, em Copacabana.
O Sindscope, cujo auditório em 2019 recebeu o nome “Marielle e Anderson”, apoia e participa destas lutas.
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